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Foto do escritorANDRE TIXA ORSINE MATOS

Transformando o Vale do Jequitinhonha com Esporte e Solidariedade

Uma viagem que começou com a união de amigos para jogar bola, agora se destaca como um símbolo de empreendedorismo social, trazendo luz e mudanças significativas para nossa região.





Bem como todos sabem, ou pelo menos a maioria, o AKA com os seus 18 anos recém completados, vem construindo ao longo de sua jornada uma identidade singular dentro do cenário esportivo, fazendo-se conhecer como um time esportivo tendo o viés social como seu principal diferencial.

 

Este posicionamento não é apenas um braço complementar ao futebol e ao esporte em si, mas sim uma mensagem clara e direta de que nós tentamos aplicar e praticar valores essenciais do esporte em nosso dia a dia, com extensão à nossa vida cotidiana. O esporte em sua origem histórica tem como um dos seus principais objetivos a "união dos povos" e a celebração coletiva.

 

O futebol extrapola as quatro linhas, e se pararmos para analisar num giro completo de 360º com um olhar crítico, podemos perceber que a magia, os valores básicos e o complemento social tem ficado sempre em quarto ou quinto plano. Estamos vivenciando um aumento significativo e preocupante de ações e eventos não compatíveis com a essência esportiva.

 

Para muitos isso é normal, mas há uma nuvem de ódio pairando sobre o futebol que está acima do normal, incontrolável, e que, para mim, tem tirado o brilho do esporte mais amado do país. Há um extremismo, muitas vezes incentivado pela própria mídia, hoje famigerada por engajamento e “likes” que diariamente formentam essas polêmicas e alimentam um perfil cada vez mais violento e hostil em grande parte dos torcedores e aficionados pelo esporte.

 

E é aí que entra o papel do AKA, em não dar vez e voz a esse tipo de pensamento, em caminhar por uma jornada que traz o esporte como ferramenta de inclusão, de formação social e intelectual condizente com o que desejamos para um país próspero e com liberdade de expressão, mas acima de tudo tendo o respeito como referência principal. Um respeito que conquistamos com equipes muito maiores do que a nossa, pela nossa conduta, pelo nosso “fair play” e principalmente pelas nossas ações e engajamento com ações de apoio moral, psicológico e emocional por meio de ações solidárias.

 

Sim, desejamos promover a auto estima não apenas dos nossos atletas, muito por entendermos que para sermos um agende de transformação social e de impacto positivo na sociedade, temos que praticar a empatia 24 horas. Um exercício que traz leveza em nosso cotidiano e para todo o nosso ecossistema. Não queremos ser melhores que ninguém, não desejamos títulos ou troféus como prioridade. Queremos apenas utilizar o esporte como ferramenta de lazer, conectando com os propósitos de igualdade, confraternização e a elevação da auto estima e de melhores oportunidades para crianças, adolescentes e familiares carentes e sem recursos.

 

Em nosso ambiente de convívio, falamos pouco ou quase nada do que habituamos a ver em rodas de conversas ou mesas de resenha. Falamos de AKA, vivemos o AKA. Conversamos sobre amizade, sobre como o futebol nos trouxe amigos e de como a nossa união gerou resultados impactantes ao longo dos 05 anos de projeto Valemos pelo que Somos. Nos divertimos e nos orgulhamos de ser apenas nós mesmos e buscamos o olhar empático. Recentemente alcançamos a marca de R$ 1,2MM de doações mobilizadas através do nosso lazer. É isso mesmo. Olha aonde nós chegamos.

 

Alcançamos um patamar que para muitos era inatingível, impensado, que até mesmo para nós impressiona pelo simples fato de não termos feito nada além de colocar em nosso foco uma aliança que possui elementos complementares. Falamos e fazemos o bem, ao invés de buscar crescimento com outros elementos comuns nas redes sociais. Fazer o bem no momento em que estamos em nosso lazer.

 

Eu, particularmente, tenho me sentido muito afastado do futebol profissional, das rodas de conversa sobre o assunto, de emitir qualquer opinião, me sindo incomodado. E tenho plena convicção de que eu não consigo desvincular uma partida de futebol do seu entorno, da atmosfera e das energias presentes. Não consigo ver magia, encantamento, onde há brigas, ofensas, desrespeito, enfim, onde há sinais de ódio. É algo que me incomoda estar “alheio” ao que vivi a vida inteira acompanhando e torcendo? Um pouco, porém me incomoda muito mais ter que fingir que há uma ocorrência desmedida, desproporcional e contrária ao amor que sinto pelo futebol, no caminho inverso daquilo que aprendi quando jovem, dos valores que pratico.

 

E complementando este sentimento desta atmosfera cinzenta, o que mais me incomoda é que por parte dos principais atores deste meio, os atletas profissionais, há passividade, desconexão e um comportamento de que esse comportamento “primitivo” das pessoas seja justificável ou “tá ok”. Enfim, eu não penso assim, não sou assim e não compactuo ou normalizo isso. Posso dizer que não tenho ídolos no futebol atual e não sou fã de esse ou daquele. O cargo está vazio.

 

Entretanto, em meio a tudo isso que convivemos, graças a Deus existe o AKA, para seguir na contramão e tentar, mesmo sendo um agente minúsculo dentro deste cenário, para trazer essa paixão pelo futebol de volta, porque aqui não abrimos mão de ensinar algo a mais e apontar aquilo que os olhos estão vendo, promovendo a reflexão ativa. É um compromisso sem volta, um caminho que pretendemos expandir, da nossa maneira.

 

Somos do Vale do Jequitinhonha, uma região que vive e convive até a atualidade com migalhas, com falsas promessas, com descaso histórico. E há muitas pessoas que ainda enxergam isso como algo natural, normal. É meu amigo, não para mim, não para nós do AKA. Está em nossas veias o contraponto, a provocação reflexiva e o convite ao pensar diferente, de agir diferente do que é convencionado. Podemos fazer muito mais, para além do convencional, podemos sim questionar atitudes que não condizem com aquilo que não nos traz melhorias ou que não promove bem estar coletivo.

 

Porque entendemos que o esporte pode não ser a prioridade, não é o ator principal, mas sim está conectado, interligado com educação, saúde, cultura, formação. Em nosso país precisamos dos exemplos, dos bons exemplos. Mas aqueles que deveriam ser esse norte, vivem alheios em suas bolhas, idolatrados e copiados em seus gestuais, mas sem combater aquilo que nos cega, nos separa.


Porque em nossa insignificante representatividade, buscamos mostrar caminhos coletivos, pensamentos empáticos e atitudes que promovem um bem estar coletivo equilibrado. Vamos mudar o mundo? Não, somos partículas, mas se conseguirmos mudar a nós mesmos para um agir diferente já estaremos melhores. Um passo de cada vez, uma doação de cada vez. E aí voltamos aos nossos resultados e aonde chegamos. Podemos sim e seguiremos.

 

Seguiremos firmes em nosso propósito, em nossa jornada esportivo-solidária, trazendo sempre a reflexão como ponto de evolução humana e o respeito como pilar principal para uma sociedade mais consciente e atuante, naquilo que precisamos crescer e desenvolver como seres humanos.

 

Desculpem-me pelo desabafo, mas um pedido do coração não se recusa.

 

André Tixa Orsine

Presidente AKA

Mentor Projeto Valemos pelo que Somos

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